Em fevereiro de 2011, publiquei um vídeo de compilação de defesas de Manuel Neuer, na época goleiro do Schalke 04. O jogo foi diante do Borussia Dortmund e valia pontos na Budesliga, a liga local. Separei três defesas para mostrar a postura agressiva do goleiro nas jogadas 1 vs. 1.
Além da técnica apurada nos movimentos nestas saídas 1 vs. 1, Neuer apresentou outro atributo vital para o sucesso do goleiro neste tipo de jogada: a coragem. Em todas as defesas foi o goleiro quem tomou a ação, aguardando o momento certo do bote, mas sem ter receio na jogada. Dessa forma, Neuer se notabilizou por um goleiro de presença intimidando os atacantes e fechando o seu gol.
Toco neste assunto, pois nesta rodada de final de semana do Brasileirão um gol me chamou a atenção. Na partida entre Fluminense e Coritiba, no Rio de Janeiro, o gol marcado pelo zagueiro tricolor Gum salientou um problema comum em alguns goleiros brasileiros. O bom Vanderlei, do Coxa, acabou virando o tronco todo, aumentando o ângulo do zagueiro adversário.
Repare como Vanderlei vira não apenas o rosto (o que não vejo problema), mas sim o tronco todo. Além disso, a postura do goleiro é receosa, deixando de atacar o adversário. Compare com as saídas de Neuer do vídeo acima. Vanderlei mostrou um certo medo na jogada, algo fatal para um goleiro.
Por mais que fosse um lance de ampla vantagem para o adversário, que estava na frente do gol, o goleiro deveria ter mostrado uma postura diferente. Talvez não defendesse o chute, mas ao menos teria dificultado a conclusão adversária.
Esse tipo de lance é muito comum, mesmo em goleiros profissionais. O medo de levar um chute no rosto, ou qualquer outra pancada, as vezes torna alguns atos instintivos, como se virar de costas, por exemplo. Por isso, o goleiro tem de treinar também este aspecto psicológico para que se tenha em mente sempre atacar o adversário, mostrando coragem e presença de gol. Afinal de contas, os adversário precisam perceber que ali embaixo dos postes há um goleiro que vai dificultar sua vida!