O chocolate sofrido pelo São Paulo, ontem diante do Atlético Mineiro pela Copa Bridgestone Libertadores, levantou uma pergunta no ar: será a hora do M1to parar? O multi-campeão Rogério Ceni chegou inclusive a ser questionado sobre isso logo após o jogo. No calor da derrota, a pergunta, pra lá de inoportuna diga-se de passagem, não teve resposta.
A verdade é que ao alto dos seus 40 anos Ceni dá sinais de cansaço. Se vocês repararem com atenção, o primeiro gol de Ronaldinho, ainda na partida de ida, mostra como o goleiro pode contribuir mais. Apesar de ter sido pego no contrapé, Ceni não esboça nenhuma reação na cabeçada de R10. Talvez o lance não fosse defensável, mas exigia ao menos algum movimento do goleiro. Ceni, no mínimo, deveria ter saltado na bola, pois ela não foi tão inalcançável assim. Todos sabem aqui que eu prego a simplificação das jogadas, ou seja, odeio goleiro que salta por saltar. No entanto, temos a obrigação de acreditar em todas as bolas e fazer de tudo para evitar os gols.
Este tipo de atitude não é raro nas jogadas de Ceni. Seguidamente ele apenas assiste a bola entrar. Aquele mais rígido irá me dizer, “ah mas ele sempre fez isso”. Discordo! Acho que essa certa preguiça se tornou mais frequente com o passar dos tempos. E apesar de parecer experiência, de não saltar a toa, de não dar bote errado, de correr pelos atalhos, essa falta de ação me parece sim que o goleiro vem sentido a idade.
A posição de goleiro é justamente aquela na qual o jogador só melhora com o passar do tempo. Fica mais experiente, menos nervoso, mais seguro e assim consegue uma performance muito melhor ao passar do tempo. Enquanto que para um atacante o auge chega por volta dos 20 anos, para o goleiro isso ocorre pelos 26. Da mesma forma, quando o fim da carreira para um jogador de frente chega pelos 32 para um goleiro pode chegar perto dos 40.
Essa é justamente a idade de Ceni. Ele que conquistou todos os principais títulos possíveis para um atleta talvez não precise mais provar nada. Taffarel, certa vez, disse que decidiu parar de jogar quando na estrada, dirigindo para assinar um novo contrato, o carro dele apresentou problemas. Aquele empecilho somado a outros que ocorrera no dia lhe mostrou que o destino lhe mostrava a hora de parar. Taffarel, então, não assinou o contrato e resolveu encerrar a carreira.
A pior performance em Libertadores da história do São Paulo, uma série de gols sofridos discutíveis e um final melancólico após uma goleada acachapante parecem sim ser esse sinal. Acho que o carro enguiçado na estrada de Taffarel parece ser o Jô e Ronaldinho de Ceni.
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