*por Fábio Fernandes
Ele não era de gelo. Mas também não era invocado.
Waldir Peres de Arruda nasceu no dia 2 de janeiro de 1951 na cidade de Garça, interior de São Paulo. Começou a jogar no time de sua cidade, mas despontou para o futebol na Ponte Preta de Campinas, despertando o interesse do São Paulo que o contratou em 1973.
No time da capital paulista foram 11 anos de muito sucesso, títulos e Seleção Brasileira.
Foi campeão paulista em 75, 80 e 81, e ainda conquistou o campeonato brasileiro de 1977 em cima do Atlético MG.
A final contra a equipe de Minas terminou 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, levando a decisão para as penalidades máximas.
Embora ele não tenha defendido nenhuma cobrança, Waldir foi responsável pela vitória utilizando de sua grande arte-manha contra os adversários. A catimba.
Em cada cobrança ele se dirigia ao batedor e entre conversas e gestos desconcentrava o atleta que acabava perdendo o pênalti. O Atlético perdeu, e entre eles estava o experiente Toninho Cerezo.
Pela seleção nacional, Waldir disputou três copas do mundo. Duas delas como reserva, 74 e 78. Mas em 82 na Espanha foi titular absoluto, integrando uma das maiores seleções de futebol de todos os tempos.
Como a vida de goleiro não é fácil, é claro que ele ficou marcado pela incrível falha contra a Rússia logo na estreia. Mas Waldir Peres fez uma ótima Copa do Mundo que até hoje ninguém sabe explicar como que o Brasil (indiscutivelmente a melhor seleção) perdeu aquele mundial.
No ano anterior, Waldir ratificou sua fama de pegador pênaltis. Num amistoso contra a até então Alemanha Ocidental em Stuttgart, o Brasil venceu por 2 a 1. Mérito do ataque canarinho. Mas se não fosse ele o jogo terminaria pelo menos empatado. Faltando 10 minutos para o fim, pênalti para os alemães. Paul Breitner para a cobrança. Espetacularmente Waldir defendeu. Mas o juiz mandou voltar alegando que o goleiro havia se mexido antes da cobrança. Breitner de novo só que agora no outro canto. E lá estava ele novamente defendendo a segunda penalidade no jogo e garantindo a vitória do Brasil em terras Alemãs.
Waldir era calmo, tranquilo, mas sempre com muito carisma e presença. Gostava de uma catimba.
Com 1,81m de altura, ele era astuto, manhoso, mas bastante divertido. Tinha o espírito esportivo.
Coragem e arrojo são adjetivos que também faziam parte deste excelente arqueiro.
Em 84 foi jogar no Rio de Janeiro na equipe do América. Depois foi para o Guarani e ainda para o Corinthians onde jogou por 2 anos em grande fase. Jogou novamente na Ponte Preta (clube que o revelou) e Santa Cruz do Recife.
Após sua aposentadoria dos gramados em 1990, tornou-se técnico, mas nunca obteve o mesmo sucesso, treinando somente pequenos clubes do futebol brasileiro.
Até 27 de julho de 2005, Waldir era o recordista de partidas pelo São Paulo com 617 jogos, quando foi ultrapassado por Rogério Ceni.
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