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Artigo: Treinamento de Goleiros: Método Analítico x Método Global

*por Cleber Sgarbi – Preparador Goleiros C.E.Lajeadense – RS


Nesse artigo trago uma discussão sobre alguns métodos de preparação de goleiros que são utilizados nos dias de hoje em todo o Brasil. O objetivo não é polemizar, mas sim, saber a importância dos dois métodos.

Em um treinamento de goleiros podemos fracionar os exercícios, onde os conteúdos específicos subdividem-se em:

Treinamento técnico defensivo específico – Empunhaduras; quedas rasteiras, médias e altas, encaixes em pé na linha da cintura, encaixe de bola rasteira, encaixe com “mergulho” (queda para frente), saída de gol em cruzamentos e bolas alçadas na área e defesas de chutes a gol em diversas situações.

Treinamento técnico e/ou tático ofensivo específico – Arremessos/lançamentos com as mãos, passes de curta média e longa distância, balão e passe de bola recuada sobre pressão.

Essas duas características de treinamento podem ser treinados e desenvolvidos com os dois métodos, analítico e global, cabe ao preparador de goleiros elaborar um programa de treinamento físico, técnico e tático dos goleiros que atenda principalmente as necessidades individuais de cada goleiro, utilizando os dois métodos. Vale lembrar, que os métodos podem ser desenvolvidos em diferentes momentos. O maior desafio do preparador de goleiros começa bem antes de colocar em práticas essas ações, pois muitos prep. físicos e técnicos não estão acostumados a planejar e organizar os seus programas de treinamento juntamente com o preparador de goleiros.

Método Analítico

Para Santana (2005), o Método Analítico é centrado na técnica, em exercícios onde há predominância de repetições dos gestos esportivos e na especialização precoce do aluno em cima de algumas técnicas específicas.

Segundo Bayer (1994), o Método Analítico caracteriza-se pela repetição, ajudando assim, a memorizar o gesto técnico. Através da repetição o gesto técnico é memorizado e automatizado em nosso SNC. O aprendizado de técnica por técnica, gesto por gesto de acordo com Santana (2005), as habilidades são treinadas fora do contexto de jogo para que, depois, possam ser transferidas para as situações de jogo. “Este método consiste em ensinar destrezas motoras por partes para, posteriormente, uni-las”. (Xavier; Tenroller, 2004).

Vantagens do Método Analítico:

  1. Aprendizado mais rápido da técnica;

  2. Melhor método para aperfeiçoar a técnica;

  3. Facilidade de execução dos gestos técnica;

  4. Possibilita um melhor desenvolvimento das técnicas treinadas;

  5. Facilita para o P.G. acompanhar a evolução da aprendizagem;

  6. Individualização do treino das habilidades e das valências físicas;

  7. Correção imediata;

Desvantagens do Método Analítico:

  1. Não há interação com outros setores da equipe;

  2. Não explora a criatividade;

  3. Desenvolvimento cognitivo e neuromotor comprometidos;

  4. Ambiente monótono e pouco atraente;

  5. Nível de desmotivação elevado;

  6. Ausência de situações próprias do jogo;

  7. Não contribui para o poder de decisão, pois o G. não decide por si só, mas pelo que é estimulado.

Método Global

Para Santana (2005), o Método Global é centrado na tática, no jogo, cujo ambiente torna-se mais prazeroso, a especialização precoce de algumas habilidades é refutada e o objetivo é desenvolver a inteligência do aprendiz. Já para Chavez (2001), o Método Global caracteriza-se por apresentar situações reais de jogo, ou seja, modelo de jogo como base do processo de treino. De acordo com SANTANA (2005), o método global parte da totalidade do movimento e caracteriza-se pelo aprender jogando. GARGANTA (1989), diz que “o Futebol, ensina-se, mas fundamentalmente aprende-se”.

Vantagens do Método Global:

  1. O G. treina de acordo com a sua função;

  2. Repertório Motor vasto e aperfeiçoado para o jogo;

  3. Maior interação com outros setores da equipe;

  4. Desenvolvimento da tática específica de jogo;

  5. Percepção de espaço – posicionamento e colocação;

  6. Aperfeiçoamento dos processos cognitivos – percepção de espaço, das jogas, reações, tomada de decisões;

  7. Maior concentração;

  8. Maior motivação;

  9. Aumento da performance;

Desvantagens do Método Global:

  1. Maior tempo para planificação do programa de treino;

  2. Menor precisão para a correção de erros;

  3. Maior tempo para o desenvolvimento dos componentes físicos, técnicos e táticos;

  4. Maior tempo para o aprendizado da técnica específica;

Minhas conclusões – Integração dos Métodos

Para que o processo ensino/aprendizagem/treinamento dos gestos técnicos específicos de defesa tenham maior êxito, o Método Analítico oferece maiores contribuições. Em contra partida, para que o processo de aprimoramento da capacidade de tomada de decisão, raciocínio rápido, integração com outros setores da equipe e execução de ações específicas em situações reais de jogo, o Método Global oferece maiores contribuições.

Em outras palavras, além do habitual treino de repetição de gestos técnicos (de pegadas, encaixes, quedas, saída de gol, passes, etc.), é necessário o desenvolvimento de treinos que dêem conta, de não mais repetir apenas gestos, mas sim repetir sistematicamente ações (ações de posicionamento e defesa; de defesa com devolução de bola em jogo, ações de bola recuada para domínio e controle para dar um passe ao companheiro, ações de saída de gol com devolução de bola em jogo, etc.)

Para Oliveira (2004), “Só podemos falar de especificidade no treino, quando existe uma relação constante entre os componentes tático-técnicos, psico-cognitivos, físicos e coordenativos, em correlação permanente com o modelo de jogo adaptado pelo treinador e respectivos princípios que lhe dão corpo.”

Bibliografia:

BAYER, Claude. Técnica del Balonmano: La formacion del jugador. Barcelona, Editorial Hispano Europea S.A.,1987.

CHAVEZ, Hernando Fabio Martinez. Fútbol: caracterización de los modelos de enseñanza. Revista Eletrônica Educación Física y Deportes. Ano 7. N° 36. Buenos Aires. 2001.

GARGANTA, Julio. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. Em: GRAÇA, Amâncio; OLIVEIRA, José. O ensino dos jogos desportivos. Porto: Centro de Estudos dos Jogos Esportivos. Universidade do Porto, 1995.

REZER, Ricardo. A prática pedagógica em escolinhas de futebol/futsal: possíveis perspectivas de superação. 2003. 194 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

SANTANA, Wilton Carlos de. Futsal: metodologia da participação. Londrina/PR: 1996

GRECO, Pablo Juan; SOUZA, Pablo Ramon Coelho de. O treinamento das capacidades táticas no futsal. Belo Horizonte, UFMG, 1998.

OLIVERA, Javier; TICÓ, Jordi. Análisis funcional del baloncesto como deporte de equipo. Revista educació Física I Esports, 1992. (27) 34 – 46.

TENROLLER, Carlos Alberto; XAVIER; Futsal: ensino e prática. Editora Ulbra, Canoas RS: 2004.

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