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  • Foto do escritorFabio Ritter

Goleiros da História: A arte de ser o melhor

* por Fabio Fernandes



Sua frieza condizia com o de sua região na Rússia, época que ainda era União Soviética.


Rinat Fayzrakhmanovich Dasayev, sim, este é o nome do lendário goleiro Dasayev, que nasceu no dia 13 de julho de 1957 em Astracã, pequena cidade Medieval Russa com pouco mais de 500 mil habitantes, situada a mais de 1400 quilômetros da capital Moscou, próxima ao Mar Cáspio.

Ele foi simplesmente o melhor de todos, na minha modesta opinião.

Quando se preparava para defender, cuspia nas luvas como um trapezista russo cospe nas mãos antes de se apresentar para fazer acrobacias. Suas defesas eram eficientes como a do artista circense, mas sem voos desnecessários.


Sua liderança em campo era motivadora. Calmo, fazia a defesa e pronto. Se precisasse fazer a ponte fazia e logo se levantava, se não precisasse, providenciava a orientação de sua defesa para prosseguir o lance.

Nos cruzamentos e saídas do gol era superior aos outros goleiros. Foi um dos primeiros a se colocar entre o meio do gol e o segundo pau nos escanteios. Era avançado, pioneiro.

Com 1,89m era soberano nas bolas altas. O time adversário podia cruzar ou alçar bolas que o excelente arqueiro interceptava o lance.

Na reposição de bola era supremo, lançava com as mãos com muita força, sendo capaz de colocá-la alem da linha do meio de campo. Sempre saia rápido para ligar contra-ataques.

No DVD da Fifa (citado na crônica de Emerson Leão), Dasayev figura com a segunda maior defesa em copas do mundo (de 1930 a 2002). Foi no jogo contra a Escócia.

Cruzamento da direita, o atacante escocês se antecipa a zaga e cabeceia forte no canto, no contrapé de Dasayev. Um outro jogador da Escócia que estava um pouco atrás no lance, ergue os braços para comemorar o gol. Só que não contava com Dasayev se esticando de uma forma inenarrável. Com a ponta dos dedos tocou a bola para escanteio. Ainda no chão, parecia exausto de tanto esforço. E também no chão, de joelhos e de cabeça baixa, o atacante inconformado com o lance.

Dasayev começou jogando no time de sua cidade natal Volgar Astrakhan onde ficou por dois anos. Em 77 foi para o Spartak Moscou, clube que permaneceu por onze anos conquistando duas ligas nacionais. Em 1988 foi transferido para o Sevilla da Espanha. Jogou três anos, sem o mesmo sucesso que no clube Russo e que na seleção.

Jogou três copas do mundo, 82, 86 e 90. Conquistou o bronze na Olimpíada de 1980. Também jogou a Euro de 1988, perdendo a final para a forte equipe da Holanda.

Foi eleito o melhor goleiro do mundo em 1988 pela Federação Internacional de Histórias e Estatísticas do Futebol (IFFHS). Em 87, na primeira edição do ranking, já havia ficado em segundo e em 1989 ficou em terceiro.


A década de 90 já não foi tão boa. Na copa do mundo da Itália, Dasayev jogou a primeira partida na derrota de 2 a 0 de sua equipe frente à Romênia. As críticas foram tantas que o técnico soviético resolveu sacar o goleiro na fraca campanha do time naquele mundial. Foi o último jogo dele pela seleção.

No ano seguinte, aos 34 anos, ao final de seu contrato com o clube de Sevilla, ele decidiu deixar o futebol. Após este episódio, Dasayev teve problemas com alcoolismo.

Mas deu a volta por cima, se recuperou e integrou a comissão técnica da seleção Russa como preparador de goleiros.

Em 2007, participou de um amistoso em comemoração aos seus 50 anos de vida, reunindo atletas do mundo inteiro. Dasayev estava curado, e pode mostrar ao mundo que futebol é arte, e não importa a idade se você tem a categoria.

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