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O recordista

Foto do escritor: Fabio RitterFabio Ritter

*por Fábio Fernandes


O jogo era um clássico do futebol mundial. Amistoso, sim, mas Brasil e Itália estavam se preparando para a Copa do Mundo de 1990. Foi em Bologna e os donos da casa eram favoritos. O Brasil ganhou por 1 a 0, gol de André Cruz de falta.


Mas um lance me chamou ainda mais a atenção de um goleiro que já era um dos melhores do mundo. Walter Zenga.

Foi um cruzamento rasteiro que a bola passou por todo mundo, inclusive pela zaga italiana, mas que Zenga com muita rapidez se atirou e tratou de dar um tapa na bola, afastando o perigo dali.

Ficou marcado pela iniciativa do goleiro que se antecipou aos atacantes brasileiros, evitando o pior para sua equipe. Detalhe, a bola estava quase na marca do pênalti.

Nascido em Milão em 28 de abril de 1960, jogou no Salernitana, Savona e Sambenedettese até chegar a Internazionale em 82. Não demorou muito para se tornar titular.

Carismático, líder, seguro, era um goleiro eficiente.

Tinha o apelido de Uomo Ragno (Homem-Aranha), devido sua agilidade. Seu posicionamento era perfeito, portanto não era espalhafatoso, mas também não era discreto. Zenga sempre se impunha e às vezes era até polêmico.

Fazia a coisa certa sempre. Agarrava a bola se pudesse e espalmava quando tinha a certeza que não conseguiria segurá-la. Era muito bom nas bolas altas e exímio armador de contra-ataque.

Entrava em campo para evitar o gol, não importava de que maneira (é claro que sempre buscava a maneira mais eficaz), não queria aparecer, fazer pose, queria evitar que a bola entrasse.


No clube ou na seleção, ele acalmava seus companheiros quando precisava defender e incentiva quando precisava ir ao ataque.

Embora fosse um goleiro de equipe e ter jogado por quase 12 anos na Inter, conquistou apenas um Campeonato Italiano, uma Super Copa da Itália e uma Copa da Uefa, mas o que impressiona é seu currículo pessoal.

Foi eleito pela Federação Internacional de Histórias e Estatísticas do Futebol (IFFHS), o melhor goleiro do mundo nos anos de 1989, 1990 e 1991, sendo que em 1987 e 1988 já havia ficado em terceiro lugar.

Em 94 foi transferido para o Sampdoria. Depois jogou no Padova e New England Revolution dos EUA, onde encerrou sua carreira como jogador e iniciou a de técnico.

Pela Seleção, foi titular na Euro de 88 e na Copa de 90, quando se tornou o recordista com 517 minutos sem tomar gol. Foi vencido somente na semi-final contra a Argentina e seu time perdeu nos pênaltis, alcançando o terceiro lugar neste mundial.

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